Profundidade em literatura

É muito comum que se tente diferenciar livros "profundos" daqueles "superficiais". Se o primeiro grupo pretende ter méritos artísticos superiores, o segundo contenta-se em divertir o leitor. A partir dessa diferenciação, inicia-se debate sobre o que é melhor e o mais adequado. Não acredito muito nessa divisão principalmente em razão do caráter nebuloso do termo "profundo".

Às vezes, "profundidade" é só adequação ao cânone - escrever abordando determinados temas de acordo com certo estilo. Porque o cânone tem a ver com normas e convenções e não só com a qualidade intrínseca (se é que isso existe mesmo) das obras. Nesse caso, a "profundidade" é algo secundário, a não ser que o objetivo seja receber elogios dos críticos. Outras vezes, "profundidade" quer dizer apenas escrever uma história interessante e razoavelmente original. Neste caso, todo livro deve buscar a profundidade. Afinal, qual seria a alternativa? Um livro desinteressante e tedioso, provavelmente.

Sempre acreditei que o autor deve procurar escrever a melhor obra de que for capaz, de acordo suas próprias preferências - não as de terceiros. É essencial que o autor se divirta com o enredo de seu livro, que o autor ache seus personagens interessantes e que o autor utilize o estilo que acredita ser mais apropriado. Neste sentido, o livro será "profundo", sim, mesmo que objetivo do escritor seja apenas se divertir. E se autor se divertiu é bem possível que pessoas com preferências semelhantes às suas também gostem do livro. É claro que muita gente vai desgostar também, mas fazer o quê, né? Mesmo que o autor tente agradar terceiros vai acabar desagradando outros de qualquer maneira e (pior de tudo!) pode acabar desagradando a si mesmo.

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