Entrevista para o blog Psychobooks

1) Primeiro de tudo, a dúvida que acho que todos temos rs. Por que duas funções tão diversas? Como consegue aliar o Jorge Diplomata ao Jorge Escritor?

R. As duas funções, apesar de diferentes, são complementares. A profissão de diplomata permite que se conheça outros países e culturas, o que pode ser útil para o escritor. Além disso, atualmente ocupo o cargo de chefe do Setor Cultural na Embaixada do Brasil em Assunção, o que tem me permitido ter contato com muitos artistas. Todos os anos o Setor Cultural desenvolve um programa de atividades nas áreas de teatro, literatura, música, dança e artes plásticas. Executar esse programa me ajuda a aprender muito sobre a cultura brasileira. Convido os letores a conhecer um pouco nosso site no facebook (http://www.facebook.com/CCEBA), onde é possível conseguir mais informações sobre o trabalho que a Embaixada vem realizando na área da cultura.




2) O mundo que você criou para os livros é cheio de detalhes e rico em suas próprias lendas e crenças. Quando você começou a arquitetar a ideia e o que te serviu de inspiração?

R. Embora complexo, construir um mundo, com seus povos e culturas, é um processo apaixonante. Felizmente, a complexidade não é aparente desde o início. E o início, no caso, foi no ano 2000, quando estava no quinto ano de Direito. Comecei a escrever a partir de noções mais ou menos intuitivas sobre o mundo, que fui concretizando conforme avançava a história. As inspirações que utilizei nesse processo são muito variadas. Meus conhecimentos de história, de filosofia, meus livros favoritos ou até mesmo os rpgs que já joguei, entre outras vivências, influenciaram-me de alguma forma. Se, no início, a liberdade é muito grande, gradativamente fiquei cada vez mais vinculado ao que já havia escrito, já que cada fato seguinte deve se encaixar aos anteriores, como num grande mosaico. E assim foi surgindo o mundo juntamente com o enredo. Apesar de ter desenvolvido o cenário com razoável detalhe, tentei sempre apresentá-lo pelo que ele é: o pano de fundo. A história, a cultura, a religião nunca devem ocupar o centro do palco, que é reservado ao enredo e aos personagens.


3) Jorge, no início do livro fiquei bem confusa e tive grande dificuldade em acompanhar o enredo porque os nomes são bem parecidos.  (Homens- Larcon, Zairon, Tairom, Rairom, Quiarom Mulheres - Sarian, Lisian, Liana...) Tem algum motivo para essa similaridade? Você pesquisou o significado deles? Em qual língua se baseou para sua criação?

R. Concordo que os nomes são um problema, e causam confusão. Infelizmente, não poderia simplesmente utilizar nomes brasileiros, já que o mundo em que o enredo se passa é outro, com sua própria história e cultura. No caso da Terra das Sombras, por exemplo, os nomes são baseados num dialeto falado pelos conquistadores da ilha, o silai. O nome Rairom, por exemplo, vem do silai. "Om" significa discípulo ou filho nesta língua e "rai" significa céu. Certamente, o pai do personagem quis homenagear a divindade de seus ancestrais, Dinaer, o "deus do céu". Lisian também tem a mesma origem pois "lis" (ou laisin) é flor em silai e "ian" (ou lan), montanha (flor da montanha, portanto) - muito adequado para uma moça vinda de uma província montanhosa como a Terra do Vento. Escolhi os nomes baseado não só nesses critérios culturais e linguísticos mas, também, no papel que o personagem iria desempenhar. Por exemplo, uma certa flor da montanha, a partir da qual se faz um veneno, tem um papel importante na vida de Lisian e, no caso de Rairom, ele é, de certo modo, "um filho do ceu", já que os poderes divinos lhe impuseram um certo destino. Mais informações sobre este tema podem ser encontradas num artigo que escrevi em meu blog (http://www.aguerradassombras.com/blog/70-nomes-dos-personagens.html).

4) Conta pra gente um pouco dos seus outros projetos. O que podemos esperar da vingança de Rairom?

R. A série "A Guerra das Sombras" tem quatro livros. "O Livro de Dinaer" é o primeiro deles. Já a segunda parte, "O Livro de Ariela" passa-se doze anos depois da primeira e em outra região. Nesse livro, Rairom tem que se defrontar, de fato, com seu desejo de vingança (ou de justiça) e com o fardo que os deuses lhe impuseram. O que posso dizer, sem revelar detalhes da história, é que as motivações de Rairom são mais complicadas do que parecem e ele terá certas supresas que podem levar a um desfecho imprevisto. Já o terceiro livro passa-se antes do segundo e depois do primeiro e conta a história do irmão de Lisian, Laios, que quer vingar a morte do pai e do avô (descrita no primeiro livro) pelas mãos de Zainog. Por isso, chama-se "O Livro de Laios". O foco aqui muda radicalmente de Rairom para outro personagem. Há um motivo para isso que não posso revelar sem estragar uma surpresa. Finalmente, no quarto volume ("O Livro de Iazmein"), temos o desfecho da história, com os eventos que sucederam "O Livro de Ariela".

5) No final de toda resenha, colocamos uma playlist relacionada ao livro. Qual música você indica para os nossos leitores ouvirem enquanto leem "A Guerra das Sombras - O Livro de Dinaer"?

Essa é um pergunta um pouco difícil porque não é apenas que música eu gosto ou mesmo que música eu ouvia ao escrever o livro mas, sim, qual tipo de música se harmoniza com o estilo de "A Guerra das Sombras". Uma resposta possível seria a trilha sonora de filmes épicos, como "O Senhor dos Aneis" ou "Star Wars" ou algumas músicas de "Matrix" (como "Navras"). Acho que a "Marcha Imperial" de Star Wars combina bem com os exércitos da Terra das Sombras.

link: http://www.psychobooks.com.br/2010/07/sorteio-guerra-das-sombras-o-livro-de.html

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