Escolhidos, avatares e heróis
Em "A Guerra das Sombras", há os chamados "escolhidos". Rairom é um deles. Mas o que é um escolhido? Qual a diferença do tema do "escolhido" para outros temas semelhantes muito empregados nos gêneros Fantasia e Ficção Científica como os "avatares" e "heróis"? É o escolhido necessariamente um avatar ou um herói?
As três idéias estão próximas, de fato, mas há diferenças importantes entre elas. Em primeiro lugar, um avatar não é propriamente um escolhido. Ele é um deus encarnado. É preciso, pelo menos, que o avatar tenha um lado humano muito forte, que não se encontra, por exemplo, no Bagavhad Gita (Krishna), mas que está presente em Jesus Cristo, o escolhido paradigmático na nossa cultura. Aliás, acho que é por causa de Jesus que o tema do escolhido é tão recorrente.
Já a distinção entre o escolhido e o herói não é tão óbvia. Talvez, em alguns casos, o interesse pessoal esteja mais presente nestes últimos. Afinal, mesmo quando serve a outras pessoas ou a uma causa, é o herói que escolhe o seu próprio caminho, o que não acontece com os escolhidos. Por outro lado, o escolhido também pode ter interesses pessoais prementes, que estejam em desacordo com seu suposto destino e o herói pode ser capaz de atos de altruismo que muitos escolhidos evitariam.
Ademais, ao contrário da maioria dos heróis, o escolhido não está necessariamente destinado a fazer o bem. Pode ser justamente o contrário. Neo estava destinado a ajudar na renovação e não na destruição de Matrix. Ele era um mecanismo de controle e, portanto, seu destino era trazer o mal sob um certo ponto de vista.
Deve-se ter em mente ainda que o escolhido não está necessariamente obrigado a cumprir seu destino. Pode fugir dele e até ludibriá-lo. Mas isso implica um fardo considerável, geralmente. Cristo poderia ter fugido, se quisesse (mesmo porque, segundo a Bíblia, tinha conhecimento do que iria transcorrer), mas escolheu se resignar à vontade de Deus. A escolha poderia ter sido diversa, com conseqüências terríveis. Neo revoltou-se contra seu destino, o que quase resultou na destruição da raça humana.
Neste conflito entre "o suposto destino" e a "vontade individual" é que está o aspecto mais interessante do tema do escolhido. Saber explorá-lo é crucial para evitar os clichês. Vader era um escolhido dos Sith e dos Jedi. Acabou cumprindo ambas as profecias mas de uma forma um pouco inusitada, o que causou perplexidade nos Jedi, que por um longo tempo acreditaram que ele havia renegado seu destino em definitivo.
As três idéias estão próximas, de fato, mas há diferenças importantes entre elas. Em primeiro lugar, um avatar não é propriamente um escolhido. Ele é um deus encarnado. É preciso, pelo menos, que o avatar tenha um lado humano muito forte, que não se encontra, por exemplo, no Bagavhad Gita (Krishna), mas que está presente em Jesus Cristo, o escolhido paradigmático na nossa cultura. Aliás, acho que é por causa de Jesus que o tema do escolhido é tão recorrente.
Já a distinção entre o escolhido e o herói não é tão óbvia. Talvez, em alguns casos, o interesse pessoal esteja mais presente nestes últimos. Afinal, mesmo quando serve a outras pessoas ou a uma causa, é o herói que escolhe o seu próprio caminho, o que não acontece com os escolhidos. Por outro lado, o escolhido também pode ter interesses pessoais prementes, que estejam em desacordo com seu suposto destino e o herói pode ser capaz de atos de altruismo que muitos escolhidos evitariam.
Ademais, ao contrário da maioria dos heróis, o escolhido não está necessariamente destinado a fazer o bem. Pode ser justamente o contrário. Neo estava destinado a ajudar na renovação e não na destruição de Matrix. Ele era um mecanismo de controle e, portanto, seu destino era trazer o mal sob um certo ponto de vista.
Deve-se ter em mente ainda que o escolhido não está necessariamente obrigado a cumprir seu destino. Pode fugir dele e até ludibriá-lo. Mas isso implica um fardo considerável, geralmente. Cristo poderia ter fugido, se quisesse (mesmo porque, segundo a Bíblia, tinha conhecimento do que iria transcorrer), mas escolheu se resignar à vontade de Deus. A escolha poderia ter sido diversa, com conseqüências terríveis. Neo revoltou-se contra seu destino, o que quase resultou na destruição da raça humana.
Neste conflito entre "o suposto destino" e a "vontade individual" é que está o aspecto mais interessante do tema do escolhido. Saber explorá-lo é crucial para evitar os clichês. Vader era um escolhido dos Sith e dos Jedi. Acabou cumprindo ambas as profecias mas de uma forma um pouco inusitada, o que causou perplexidade nos Jedi, que por um longo tempo acreditaram que ele havia renegado seu destino em definitivo.
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